
REGIÃO. Em homenagem ao mês das mães, o Nossas Notícias traz uma história que transcende a medicina e mergulha na essência do amor, da persistência e da superação. A protagonista deste relato é a médica geriatra Gabriela Cordeiro da Costa Lima, que trocou, por um momento, o jaleco de quem cuida da longevidade pela experiência visceral de quem luta para gerar uma nova vida.
Embora o tema não seja geriatria, Gabriela nos presenteia com um relato profundo e inspirador sobre sua jornada até a maternidade — uma trajetória marcada por diagnósticos difíceis, resiliência e um final feliz chamado Laura.
A história começou, de fato, em fevereiro de 2023, mas suas raízes se estendem por pelo menos dois anos antes disso, quando Gabriela e seu marido Flávio Henrique de Oliveira Lima, começaram a tentar engravidar. Após um longo período sem sucesso, veio o diagnóstico de infertilidade — um luto silencioso que muitos casais enfrentam e poucos têm coragem de compartilhar.
“Aceitar que absolutamente nada está sob controle e me entregar ao processo sem apego ao resultado foi a grande lição daquele ano”, conta a médica.
Em novembro de 2023, após nove meses de acompanhamento em uma clínica de reprodução assistida, o tão aguardado positivo chegou. O caminho até lá foi tudo, menos simples. A jornada envolveu um verdadeiro exército de profissionais: ginecologistas, urologistas, endocrinologistas, psiquiatras, psicólogos, nutricionistas, enfermeiras, embriologistas e, claro, o especialista em reprodução assistida.
“É incrível como o tratamento de infertilidade é complexo, doloroso e psicologicamente devastador, porém os planos de saúde e o SUS seguem ignorando a dor dos casais que sofrem por esse diagnóstico”, fala Gabriela.
Ela levanta uma bandeira importante: infertilidade é um problema de saúde e deve ser tratado como tal. Apesar do sofrimento, ela reconhece o poder da ciência e da medicina — mesmo com suas limitações. “A medicina trata doentes, mas nem sempre cura doenças. Age positivamente no curso delas, mas não está no controle da vida”, cita.
Gabriela também compartilha aprendizados importantes com quem ainda está na luta. Ela fala de frases e perguntas que só agravam a dor de quem enfrenta a infertilidade, como “é só relaxar que você engravida” ou “quem é o problema, você ou seu marido?”. Para ela, essas falas ignoram a complexidade emocional e médica do processo. “Filhos são feitos por um casal. Infertilidade é um problema do casal. Buscar um culpado só aumenta a dor”, cita.
Laura, sua filha, nasceu como um milagre da medicina — mas também como resultado de uma entrega profunda ao processo e à esperança. Para quem ainda não realizou o sonho de ser mãe, Gabriela oferece uma mensagem de acolhimento e amor. “Ser mãe é vivenciar o amor em sua forma mais pura, o amor que não é troca, mas doação. E isso você já faz ao se doar ao lindo processo da espera pela maternidade”, enfatiza.
Neste mês das Mães, o testemunho da Dra. Gabriela nos lembra que a maternidade pode ter muitos caminhos. Nem todos são naturais, nem todos são fáceis. Mas todos são válidos, potentes e profundamente humanos.