
ESTADO. Combater o estigma e alertar para a necessidade de pedir ajuda estão entre os objetivos da campanha Setembro Amarelo. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) é um dos meios de saúde pública para buscar ajuda.
Neste ano em Santa Catarina, o Samu recebeu 2.645 chamadas relacionadas a tentativas de suicídio nas Centrais de Regulação de Urgência (CRU). Desse montante, em 1.840 ocorrências foram enviadas Unidades de e Básico (USB) ou de e Avançado (USA) para atendimento no local da ocorrência.
“As centrais do Samu estão preparadas para atender os chamados das pessoas de todo o estado que estiverem em condições de sofrimento psíquico ou colocando a própria vida em risco. Os profissionais atuam junto às forças de segurança pública nos mais diversos tipos de atendimento. O Núcleo de Educação em Urgência e Emergência tem preparado cada vez mais as equipes para atender as pessoas nessas condições, atuando de forma multiprofissional no atendimento via telefone e nos casos de envio de recursos, seja uma unidade de e básico ou avançado, os profissionais de saúde terão a capacidade de atender, orientar e encaminhar a pessoa que está apresentando o sofrimento psíquico das mais diversas formas, em diversos momentos de sua vida”, explica o superintendente de Urgência e Emergência, Marcos Fonseca.
Nos casos mais graves, são enviadas USAs que possuem aparelhos e equipamentos semelhantes aos da UTI hospitalar e uma equipe formada por condutor socorrista, médico e enfermeiro.
Mais de 380 tentativas de suicídio atendidas
Entre janeiro e agosto deste ano, foram atendidos 383 casos de tentativas de suicídio por essas unidades. A faixa etária das vítimas transita de 13 a acima de 60 anos. Até os 19 anos foram 59 casos, e entre 20 a 39 anos, está o maior número das tentativas de suicídio, somando 276 atendimentos.
“São situações extremamente difíceis, que necessitam um atendimento ainda mais humanizado das nossas equipes. Infelizmente, é uma realidade que tem feito parte do dia a dia, e vítimas com idade muitas vezes abaixo dos 30 anos. Nossas estatísticas mostram o quanto a sociedade ainda precisa debater sobre a prevenção do suicídio, pois precisamos urgente estancar esse crescimento nos chamados do SAMU”, relata a diretora-geral do Samu/Fahece, Carla Birolo Ferreira.
Dos 383 atendimentos feitos pelas USAs, 53% das vítimas eram homens e 47% mulheres.
“Há casos que conseguimos reverter a situação daquele que comete a tentativa do suicídio, mas há outros que, infelizmente, não é possível. E o percentual de homens e mulheres atendidos pelo SAMU, nestes casos, quase se equipara”, afirma o diretor-técnico do Samu/USA, Bruno Quercia Barros.
A tentativa de suicídio é considerada uma emergência médica. Assim que é feito o atendimento pré-hospitalar no local da ocorrência, o paciente é levado para os serviços da rede pública, como as Unidades de Pronto Atendimento (UPA) ou pronto-socorro de hospitais. E quem presencia uma tentativa também pode acionar o SAMU pelo telefone 192.
Profissionais capacitados
Os profissionais que atuam no SAMU precisam estar preparados para situações de emergências psiquiátricas. Estar atentos aos sinais, praticar uma escuta ativa e sem julgamentos, demonstrar empatia e encaminhar para o tratamento adequado é fundamental no atendimento do paciente de saúde mental, podendo muitas vezes salvar a vida do potencial suicida.
Por conta disso, nesta segunda (16) e terça (17), será realizado o Simpósio Catarinense de Emergências Psiquiátricas na Unisul da Pedra Branca, em Palhoça. O evento reunirá profissionais da área de todo o estado.
Na rede pública, também há serviços de apoio emocional gratuito nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e Centros de Referência da Assistência Social (CRAS). O Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece ajuda por telefone, chat, e-mail e pessoalmente, além de realizar ações especiais em casos de eventos e catástrofes. O serviço está disponível no telefone 188 ou pelo site www.cvv.org.br.